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O Evangelho da avareza e os ministros da riqueza.

 Ruy Marinho 

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“E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas...”. (2 Pedro 2.2,3)

Como podemos ler acima, a Bíblia já nos alertava para o fato de que, no decorrer dos séculos, haveria certos líderes religiosos que usariam a fé para lucro pessoal. O apóstolo Pedro revelou que tais líderes seriam movidos pela ganância e não pelo amor a Palavra de Deus. Vemos que nesta profecia bíblica foi revelado também que muitas pessoas seguiriam esses líderes corruptos, que se disfarçariam de homens de Deus. Estes “servos de Deus” usariam palavras fingidas para enganar o povo, e seus verdadeiros objetivos e ensinamentos seriam movidos pela avareza (amor ao dinheiro) e não pelo amor genuíno as pessoas e suas necessidades espirituais.

Nos últimos anos iniciou-se um movimento religioso em algumas igrejas evangélicas que tem atraído muitas pessoas, de várias religiões. Tal movimento é conhecido como a “teologia da prosperidade”, mas bem que poderia chamar-se também de “o evangelho da avareza”. Isto porque é possível notar que seus líderes substituíram o genuíno evangelho de Jesus, contida nas Escrituras Sagradas, por um culto exacerbado ao dinheiro. Devido à avareza de seus ministros, em certo momento de suas reuniões, não é possível distinguir se eles estão promovendo um culto a Deus ou um leilão da fé. Em seus “cultos”, eles costumam bradar em alta voz para o povo: “quem vai dar 1000 reais agora?”. Incrivelmente, esses líderes conseguem fazer com que alguns fiéis ofertem quase tudo o que possuem.

A Bíblia revela que a oferta na casa de Deus deve ser dada voluntariamente, e não por intimidação. Também não se pode estipular o valor da oferta, pois ela deve ser dada com alegria no coração (2 Coríntios 9.7). Os mestres avarentos ensinam que quanto maior for o valor financeiro envolvido na oferta, maior será a aprovação de Deus. Por outro lado, Jesus demonstrou que a quantia não significa nada, mas sim o sacrifício de amor envolvido nela (Marcos 12.41-44). Vemos que estes ministros avarentos não seguem os ensinamentos deixados por Jesus, por isso caem no erro.

Os líderes religiosos desse movimento podem ser chamados de “os ministros da riqueza”. Tais líderes assemelham-se bastante aos Fariseus, que foram líderes religiosos da época de Cristo, os quais eram extremamente avarentos, e criam que a riqueza era um sinal determinante do favor de Deus. Esses líderes também criam que a pobreza financeira era sinal de falta de fé, exatamente como os ministros da riqueza de hoje. Muitos deles têm a audácia de afirmar isto em tom sarcástico e desafiante, para todos ouvirem.

Os horários que estes ministérios da prosperidade compram na TV estão repletos de imagens de pessoas dirigindo seus carrões e vivendo em suas mansões, como se a principal missão de Jesus fosse deixar o homem milionário. Eles afirmam ainda que se alguém passa por dificuldades financeiras, é porque não tem fé. Isto é um grave insulto ao povo brasileiro, que é um povo trabalhador e que confia em Deus. É bem verdade que a Bíblia revela que Deus prospera Seus filhos, porém também revela que o dinheiro não é tudo, pois quando partirmos, não poderemos levar nada deste mundo (1 Timóteo 6.7). Não é sábio colocarmos nossa confiança em algo corruptível, que as traças roem (Mateus 6.20).


O que a Palavra de Deus realmente revela?

Jesus Cristo, o Filho de Deus, ensinou que devemos buscar a Deus em primeiro lugar, e certamente Ele nos acrescentará as coisas necessárias a nossa vida diária. Jesus enfatizou: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). Mas quais são “todas as coisas” que Jesus se referiu? Se observarmos o contexto bíblico, veremos que Jesus referia-se a vestimenta, alimentação e moradia (Mateus 6.31). São as necessidades básicas que Deus garante suprir de Seus filhos, e o que passar disso, entra na esfera da vontade direta de Deus, de acordo com Seus propósitos para cada um (1 Timóteo 6.17-19). Mas, infelizmente, não é isso que os “ministros da riqueza” ensinam com seus evangelhos distorcidos. Eles ensinam aos cristãos buscarem as bênçãos de Deus, e não o Deus da benção. Pregam um evangelho de interesses ocultos.

Em Sua Palavra, Deus jamais promete nos livrar de todos os revezes na vida. O apóstolo São Paulo, um homem de fé inabalável, disse: “... em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4.12,13). Apesar das dificuldades que enfrentamos, Deus nos promete ajudar, mas Ele quer que nos contentemos com aquilo que Ele nos proporciona no momento (1 Timóteo 6.8). Não devemos ser gananciosos. Deus ensina o cristão a viver pela fé, e não pela visão (2 Coríntios 5.7). O cristão vive acima das circunstâncias.

Deus jamais abandona Seus filhos, mesmo nas horas mais difíceis. Pelo contrário, Ele espera que clamemos por Sua ajuda (Jeremias 33.3), para que nossa confiança Nele aumente (Tiago 1.3). Assim como o ourives trabalha no ouro, usando o fogo para retirar suas impurezas, Deus trabalha em nós. Deus nos prova para purificar a nossa fé (1 Pedro 1.7). Deus nos capacita a reagir diante das situações, e se permanecermos fiéis, Ele nos livrará e mostrará uma saída. A vida cristã envolve obediência a Cristo mesmo diante das dificuldades e tentações. Deus garante que fará o bem surgir de todas as dificuldades que Seus filhos passarem (Romanos 8.28).

Muitos cristãos, por estarem seguindo estes ministros corrompidos, estão aprendendo que devem esperar as bênçãos de Deus somente nesta vida. O apóstolo São Paulo disse: “Se esperarmos em Cristo somente nesta vida, seremos os mais miseráveis dos homens” (1 Coríntios 15.19). É essa vida espiritualmente miserável que os mestres do “evangelho da avareza” ensinam. Porém, Jesus revelou que o maior milagre que Deus quer realizar em nossas vidas é o milagre da SALVAÇÃO e a VIDA ETERNA (João 3.16).

A Palavra de Deus revela que não receberemos o melhor de Deus nesta terra, mas somente na nova terra que Ele já preparou para Seus filhos fiéis (João 14.2; Apocalipse 21.1-4). Somente receberemos o melhor de Deus na eternidade, onde Ele nos dará uma vida plena, diferente desta vida sofrível que vivemos neste mundo atual. A Bíblia revela que nem mesmo em nossos mais profundos devaneios, não teríamos a capacidade de imaginar as coisas que Deus tem preparado para aqueles que O amam (1 Coríntios 2.9). A mente humana não consegue alcançar todas as maravilhas que Deus reserva para os cristãos fiéis, que tomam a sua cruz e seguem a Jesus.


A banda podre da Igreja: Jesus já nos advertiu contra os falsos mestres

Aqueles que confiam em Jesus, não se escandalizam com estes falsos ministros de Deus. Isso porque Jesus já havia nos advertido contra os falsos servos de Deus, que iriam distorcer Seus ensinamentos para justificar seus modos de vida. Jesus disse: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (Mateus 7.15). Muitas pessoas deixam de entregar suas vidas a Jesus por causa do repúdio que sentem por esses líderes. Porém Jesus nada tem a ver com isso. Jesus jamais ensinou este evangelho avarento, pois o amor ao dinheiro é idolatria (Efésios 5.5). A idolatria é algo abominável a Deus e diabólico. O próprio Jesus alertou que o aparecimento dessas pessoas seria uma realidade em Sua Igreja. Por isso que devemos confiar somente na Palavra de Deus, que nos alerta contra o engano de homens corrompidos e desviados da verdade (2 Coríntios 11.3,4; Gálatas 1.6-8).

Evidentemente que estes líderes não são cristãos verdadeiros. O apóstolo Paulo revelou que o próprio Satanás se disfarça de ministros de Deus para enganar as pessoas: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça” (2 Coríntios 11.14). Porém, não é sensato generalizar, porque o remanescente fiel sempre existiu na Igreja de Cristo e sempre existirá até o dia do julgamento final, dia em que todos os homens serão julgados (2 Coríntios 5.10). A Bíblia revela que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus (Romanos 14.12). Por isso não adianta generalizar, pois aqueles que não se converterem, igualmente serão condenados (Lucas 13.3).

Jesus também falou sobre o “joio”, que é a parte podre da Igreja. Jesus garantiu que os tais, que não são cristãos verdadeiros, seriam lançados na fornalha de fogo no dia do juízo final (Mateus 13.41,42). E terrível coisa é cair nas mãos do Deus Vivo (Hebreus 10.31). O apóstolo Pedro revelou o destino dos mestres corruptos, que zombam de Deus: “Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” (2 Pedro 2.17). Certamente estes não estarão numa situação favorável diante de Deus no dia do julgamento. A justiça divina é perfeita e imparcial. Deus não faz distinção de pessoas, e tudo o que o homem plantar, isso colherá (Gálatas 6.7).

Ao mesmo tempo em que Jesus condenou os falsos profetas (joio), Ele também falou sobre os verdadeiros servos de Deus. Jesus os classificou como “trigo”, isto é, a parte boa de Sua Igreja, aqueles que permanecem incorruptíveis. Estes possuem temor a Deus. Apesar da corrupção moral e financeira ser bastante evidente nas igrejas da atualidade, ainda existe os verdadeiros servos de Deus, que apascentam as ovelhas de Jesus com amor, seguindo e pregando a verdade (Efésios 4.15). Estes não enganam, pois temem verdadeiramente ao Senhor.


Avareza: o atalho mais rápido para a perdição


O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em parte alguma que o dinheiro é perigoso, mas revela que o “amor ao dinheiro” é motivo de perdição para muitos: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6.10). E é justamente isto que os ministros da riqueza fazem, amam o dinheiro e ensinam as pessoas a amar também. A cobiça pelo dinheiro leva muitas pessoas a se desviarem da fé verdadeira, pois domina e escraviza o coração. Por isso que muitos servos de Deus começam sua caminhada cristã com sinceridade, porém se deixam enganar pela sedução das riquezas.

Justamente por isso que Jesus disse que não se pode servir a dois senhores (Mateus 6.24), porque se nos dedicarmos a um, automaticamente desprezaremos ao outro. É possível servir a Deus e ter dinheiro, porém não há como servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Se não tivermos cuidado, a dedicação ao acúmulo de riquezas pode sufocar a nossa fé e corromper o nosso caráter. Por isso que a Palavra de Deus nos alerta várias vezes contra o perigo do amor ao dinheiro. Jesus também disse que onde está o tesouro do homem, ali está o seu coração (Mateus 6.21). Se fizermos do dinheiro o nosso tesouro, certamente é nele que estará o nosso coração. Como vimos antes, Jesus nos ensinou a colocar os nossos corações em Deus, e Ele suprirá todas as nossas necessidades mais profundas (Mateus 6.33).

A avareza é um pecado perigoso, pois facilmente conduz a outros pecados, como a mentira e a desonestidade. Jesus disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lucas 12.15). O valor de uma pessoa não consiste no valor de seus bens. Esse ensinamento pode ser ridicularizado por alguns que amam o dinheiro. E Infelizmente essa foi a reação de alguns líderes religiosos diante das Palavras de Jesus (Lucas 16.14). Curiosamente, os “ministros da riqueza” fazem o mesmo. Igualmente zombam dos verdadeiros servos de Deus, que combatem a exagerada “teologia da prosperidade” e pregam a verdade revelada na Palavra de Deus, mesmo que não seja popular e agradável (Gálatas 1.10).

Diante dessa triste realidade, os cristãos verdadeiros não devem perder o ânimo de buscar e servir ao verdadeiro Deus, o Pai de Jesus Cristo, que nos ama de tal maneira que sacrificou Seu próprio Filho para nos livrar de Sua ira justa contra um mundo tão perverso e rebelde a Sua vontade (Romanos 5.9). Devemos confiar na Palavra de Deus. Ao aceitarmos Jesus, podemos não nos tornar milionários, mas aqueles que aceitam tomar a cruz e seguí-Lo, certamente encontrarão a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual, as quais Deus nos dará na eternidade:

“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam”.
(1 Coríntios 2.9)


Autor:Igor Chastinet.

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