Na mitologia grega e romana, o sátiro era um deus metade homem/metade fera e companheiro frequente de Baco, o deus da fertilidade e da vegetação da religião greco-romana. Sabemos que essa criatura não existe realmente, mas ela é citada algumas vezes no Antigo Testamento. Como explicar isso? Será que a Bíblia apoia a existência de criaturas mitológicas?
Na Bíblia, a palavra hebraica traduzida como “sátiro” é seʽirím e significa “peludos”, também traduzida como “demônios” ou “bodes”.
O contexto específico de Isaías 13:21 e 34:14 deixa bem claro que o termo está sendo usado para se referir às cabras selvagens que frequentemente habitavam as ruínas da antiga Babilônia e Edom.
Já em Levítico 17:07 e 2 Crônicas 11:15, a palavra é traduzida como “demônio”, porque existe uma alusão à prática de realizar sacrifícios ao seʽirím, um deus pagão em forma de cabra. Os tradutores das versões Septuaginta grega e da Vulgata latina, portanto, traduziram a palavra hebraica por “as coisas insensatas” (LXX) e “os demônios” (Vg). Tradutores e lexicógrafos modernos, em geral, adotam o mesmo conceito nesses dois textos, usando “demônios” (Al, So), “sátiros” (BJ, CBC, IBB, PIB) ou “demônios caprinos”, sendo exceções a tradução da Liga de Estudos Bíblicos, a versão dos Missionários Capuchinhos, a Bíblia Vozes e a Versão Brasileira, que vertem o termo literalmente como “bodes” em 2 Crônicas 11:15.
Portanto, podemos perceber que a Bíblia não apoia a existência desse ser mitológico, pois em Isaías 13:21 e 34:14 a palavra hebraica saʽír (literalmente: peludo) refere-se a um bode ou a um cabritinho. E, em Levítico 17:7 e em 2 Crônicas 11:15, é claro que o termo (seʽirím, plural) é usado para referir-se a coisas às quais é prestada adoração e são oferecidos sacrifícios, e isto em relação à idolatria, coisa que a Bíblia absolutamente abomina: “Não terás outros deuses além de mim.” (Êxodo 20:3).
Comentários