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Deus criou o mal? (Isaías 45:7)


Deus é onibenevolente (totalmente bom). Tudo o que Deus criou Ele viu que era bom ou muito bom (Gênesis 1).
Deus não tem prazer com a maldade.
Salmo 5:4: “Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar.”
Habacuque 1:13: “Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade…”
Então de onde veio o mal?
Em Isaías 45:7 diz o seguinte:
“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.”
Pergunta: Deus criou o mal?
Resposta: A palavra hebraica traduzida como “mal” é rah. Pode significar mau ou mal, seja natural ou moral. Outras palavras modernas que poderiam ser usadas para expressar este termo são ‘adversidade’, ‘aflição’ ou ‘calamidade’. Um desastre natural como um terremoto é rah, mas esse desastre não é mal em sentido moral. Como atos de julgamento Divino, esses desastres são certamente rah para as pessoas sobre as quais eles sobrevêm, mas por serem atos de justiça de Deus, não podem ser considerados como moralmente iníquos.
Então Deus criou o mal moral?
Não. Para nos ajudar a compreender, precisamos examinar a linha anterior deste versículo: “Eu formo a luz, e crio as trevas.” A escuridão existe na ausência de luz. A escuridão não tem ou nem precisa de uma fonte. A luz, por outro lado, precisa ter uma fonte. Sem a existência da luz, a escuridão seria universal, porém indefinível. Precisamos de um contraste para realmente compreender o conceito. Por definir a “luz”, Deus criou as “trevas”, mas Ele não criou as trevas, elas são somente a ausência de luz.
O mal é somente a ausência de bem. Ou seja, por dar a definição de shalom (bem), Deus “criou” o rah (mal/mau natura/moral), da mesma maneira que nós “criamos” um buraco na ausência de terra. Então, Deus não criou o mal, Ele criou o bem; e tudo o que é contrário ao bem é mal. O mal só existe na ausência do bem. Da mesma forma, buracos não têm existência própria, eles só existem na ausência de terra.
Deus, por definir o que era santo, justo e bom, “criou” o mal, mas sem ser moralmente responsável por ele. Considere o seguinte: Se o assassinato não é definido como um crime, então um assassino não é um criminoso. Se a cobiça não é definida como um pecado, então uma pessoa que cobiça não é um pecador. Ao estabelecer um padrão do que é certo, Deus criou o que é errado. (“… Deus é luz e nele não há trevas.” 1 João 1:5).
“Que diremos então? Que a Lei é pecado? De jeito nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado se não existisse a Lei, nem teria conhecido a cobiça se a Lei não tivesse dito: “Não cobice”. Mas o pecado aproveitou a ocasião desse mandamento e despertou em mim todo tipo de cobiça, porque, sem a Lei, o pecado está morto. A Lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom.” (Romanos 7:7, 8, 12)
Ou seja, na ausência de bem, surge o mal, mas não foi Deus quem criou o mal.
Então quem criou o mal? O mal é somente a ausência de bem. Deus nos deu o livre-arbítrio (1 Pedro 2:16; Gálatas 5:13; 1 Coríntios 6:12; Deuteronômio 30:19; Gálatas 5:1; Jeremias 7:31; Jeremias 19:5; Jeremias 32:35; João 8:36; Jeremias 19:5). Ou seja, somos livres para praticar tanto o bem quanto o mal. Então quem pratica o mal somos nós, não Deus (Deus é onibenevolente e não pratica o mal). O mal surge quando o ser humano usa a sua liberdade para fazer o mal, e não o bem.
Tiago 1:13-14: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: ‘Estou sendo tentado por Deus’. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido.”
Isaías 59:2: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.”

“Se uma pessoa for livre com respeito a uma dada ação, então, tem a liberdade de realizá-la ou não, nenhuma das condições anteriores e/ou leis causais determinam que ela realizará ou não a ação. Ela tem o poder, no momento em questão, para realizar a ação, e tem poder para não a realizar … Ora, Deus pode criar criaturas livres, mas não pode causar ou determinar que façam apenas o que é correto. Afinal, se o fizer, então elas não são afinal significativamente livres; não fazem o que é livremente correto. Para criar criaturas com capacidade para o bem moral, portanto, Deus tem de criar criaturas com capacidade para o mal moral, e não pode dar a essas criaturas a liberdade de executar o mal, e ao mesmo tempo, impedi-las de executá-lo. E aconteceu, infelizmente, que algumas das criaturas livres que Deus criou erraram no exercício da sua liberdade, essa é a fonte do mal moral.” (Platinga, Alvin, in Deus, liberdade e o mal. pp. 46 e 47.)

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