A Bíblia não condena especificamente a prática da escravidão. Ela dá instruções sobre como os escravos deveriam ser tratados (Deuteronômio 15:12-15; Efésios 6:9; Colossenses 4:1), mas não a declara ilegal. Muitos veem isto como se a Bíblia permitisse todas as formas de escravidão. O que muitas pessoas falham em entender é que a escravidão nos tempos bíblicos era muito diferente da escravidão praticada nos últimos séculos em várias partes do mundo. A escravidão na Bíblia não era baseada em raça. As pessoas não eram escravizadas por causa da sua nacionalidade ou pela cor da sua pele. Nos tempos bíblicos, a escravidão era mais um status social. As pessoas vendiam a si mesmas quando não conseguiam pagar os seus débitos ou sustentar a sua família.
Escravidão foi a primeira lei que Deus deu aos israelitas quando eles saíram do Egito (Êxodo 21:1-11).
- Na lei mosaica, sequestrar alguém para ser vendido como escravo era um crime punido com pena capital (Êxodo 21:16).
- A pessoa que empobrecesse e se vendesse não deveria ser tratada como escrava, mas como uma trabalhadora contratada, e somente até o ano do Jubileu (Levítico 25:39-40). Uma pessoa poderia se tornar escrava ainda para pagar alguma dívida em serviços (2 Reis 4:1) ou para restituir algum roubo, também na forma de serviços (Êxodo 22:2), caso não tivesse como pagar.
- Um escravo hebreu deveria trabalhar apenas seis anos para pagar sua dívida, sendo libertado no sétimo ano, sem pagar nada (Êxodo 21:2)
- O escravo não sofria agressões (Êxodo 21:20).
- Além disso, ele deveria receber de seu proprietário alguns animais e alimentos para recomeçar a vida (Deuteronômio 15:13, 14).
- Durante seu período de serviço, o(a) escravo(a) teria um dia de folga semanal, o sábado (Êxodo 20:10). É interessante notar que na versão dos 10 mandamentos de Deuteronômio 5, é nos dito que o sábado foi dado para que o servo e a serva “descansem como tu”, no caso, o patrão.
- A escrava tinha o direito de se casar com o filho de seu senhor (Êxodo 21:9) e, se depois de algum tempo ele se casasse com outra, não poderia privar a primeira de alimento, roupas e direitos conjugais (Êxodo 21:10), caso contrário, ela poderia ir embora sem precisar pagar nada (Êxodo 21:11).
- As terras que fossem vendidas retornariam a seu dono original, caso este prosperasse e conseguisse comprá-las ou se um de seus parentes comprasse. Se isso não ocorresse, elas retornariam a seu dono original somente no ano Jubileu, sem que fosse necessário qualquer pagamento. (Levítico 25:25-28)
Na imagem abaixo, você pode ver a “escravidão” que a Bíblia permite.
Agora vejamos a escravidão que a Bíblia condena.
A Bíblia definitivamente condena a escravidão baseada na raça. Considere a escravidão vivida pelos Hebreus quando eles estavam no Egito. Os Hebreus eram escravos, não por escolha, mas porque eles eram Hebreus (Êxodo 13:14). As pragas que Deus lançou sobre o Egito demonstram como Ele se sente em relação à escravidão racial (Êxodo 7-11).
Segundo a vontade do Senhor, Moisés guiou o povo de Deus pelo deserto, e o conduziu em segurança até Canaã, a terra prometida: Deus abriu o Mar Vermelho pra que o seu povo pudesse atravessar, escapando do Egito, onde vivia escravizado (Êxodo 15).
“Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Êxodo 20:2)
Então, sim, a Bíblia condena algumas formas de escravidão. O ponto chave é que a escravidão permitida na Bíblia de forma alguma se parecia com a escravidão racial que contaminou o nosso mundo nos últimos séculos.
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